domingo, 25 de fevereiro de 2024

Públicos Jardins, de Inverno (de «Canção Doce», Slimani)

- atingida a p. 113 (de 215) desta leitura Ràpida, na NAC., na P. da FIG.a;

RECORTE(s):
       Os jardins públicos nas tardes de Inverno. A morrinha varre as folhas mortas. O cascalho gelado cola-se aos joelhos dos meninos. Nos bancos, nas ruelas discretas, cruzamo-nos com aquelas pessoas que o mundo já não quer. [...]
     Os jardins públicos, nas tardes de Inverno, são frequentados pelos vagabundos, os mendigos, os desempregados e os velhos, os doentes, os errantes, os precários. Os que não trabalham, os que não produzem nada. [...]
      À volta do escorrega gelado, estão  as amas e o seu exército de crianças. Embrulhados em casacos de penas que os estorvam, os pimpolhos correm como grandes bonecas japonesas, com o nariz a pingar de ranho e os dedos roxos. Exalam nuvens de fumo branco que os maravilham. Nos carrinhos, os bebés ajaezados contemplam os irmãos mais velhos. [...] Batem com os pés só de pensar em escapar à vigilância das mulheres que os apanham com uma mão firme ou violenta, meiga ou exasperada. Mulheres de túnica africana no Inverno glacial

Leila Slimani, Canção doce, (2016), 2022, pp. 109-110