- terminada a leitura dos sete contos do último livro de Teresa Veiga; [...]na semana passada, R. procurou os 2 ou 3 «em falta», na «Sá da Costa», em vão [...];
RECORTE da parte final do 7.º Conto (cujo título é o da recolha):
[...] E o seu marido, Laura? Lá por ser filósofo não tinha uma palavrinha doce, não descia à terra de vez em quando?
Uma palavrinha doce... Dona Laura parece acordar de um sonho remoto, os seus olhos cerram-se com nostalgia. Um dia, quando se preparavam para sair à noite, ela tivera a fantasia de experimentar um batom contrariando a sua preferência pelo natural e gostara de ver os dentes perfeitos a aparecer entre os dois arcos vermelhos.
- E quando surgi diante dele sem saber muito bem qual seria a sua reacção perante o meu arrojo, vejo-o que torce o nariz e diz muito educadamente: faz como quiseres, mas para quê batom quando os teus lábios já são de um vermelho delicado? [...]
Teresa Veiga, Vermelho delicado, pp. 129 - 130