RECORTE(S):
sexta-feira, 26 de abril de 2024
(Impossível) Anonimato («Os Memoráveis»)
quinta-feira, 11 de abril de 2024
A madrugada (depois de Sophia)
A madrugada (depois de Sophia)
Veio sem mundo por vir.Veio sem caução depois da noite velha.
Veio antes ou depois do pensamento, a parte animal
que lhe servia. Por dentro das casas
e nas ruas. Para não matar, os militares bebiam
o último litro de sangue das flores. Para não
matar, para inventar
a madrugada, quer dizer a violência de uma nudez.
Veio a espera dos corpos, quer dizer
a alegria. Veio a manhã solta
como malha na saia de uma rapariga.
Andreia Faria (em «Revolução já! Poesia Pública»)
domingo, 25 de fevereiro de 2024
Públicos Jardins, de Inverno (de «Canção Doce», Slimani)
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
«brincar às palavras» (de «Nessa altura já cá não estamos»)
RECORTE(S):
Por vezes fica muito entediada e brinca sozinha às associações de palavras. [...] Quando lhe surge uma palavra muito estranha, fica absorta e surpreendida a pensar nela. Acontece o mesmo em relação aos objectos a que essas mesmas palavras aludem. Acontece-lhe isso com alguidar, por exemplo. Que na sua cabeça é sempre um objecto de cor creme com uma risca castanha. E também com a palavra macarrão, que tem a estranheza do erre, das estrias longitudinais da massa e do orifício ovalado das extremidades. [...] Como vive numa comunidade bilingue, surgem-lhe à mistura palavras em castelhano e valenciano [...]
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
Na cadeira do barbeiro (em «A Arte de Driblar Destinos»)
- já referidos, os Mestres Finezas de D. (o sr. F., da Calçada S. C. de S., e o sr. M., da Calçada da B. G.)...; para espanto de R., cá pelo Bairro, com tantos Neo-Barb.os, o preço do Corte não pára de baixar...; o narrador protagonista de «A arte...» explicita o final da narração da Primeira Infância, antes de nova mudança da família para outra casa, noutra terra..., na p.195, no final do cap. 31: «Era o fim de Fevereiro e, como em um drible de Garrincha ficava para trás a minha primeira infância.»;
- [da BiblioPenha, a devolver no dia 9; atingida a p. 220, de 275]
RECORTE(S):
Nessa época de vizinhança com o ancião Rodolfo, eu às vezes ficava de tocaia na porta da barbearia [...] Eu admirava a coragem da vítima cordata entregue àquelas mãos trêmulas manejando tesouras e navalhas, sem imaginar que logo seria a minha vez. Aconteceu alguns dias antes do meu aniversário de dez anos, quando me sentei naquela cadeira, sujeitado ao desejo de minha mãe de me ver com um corte profissional. O longo pano preto que recebi sobre o peito, indo até cobrir as pernas, e o modo apertado como o barbeiro amarrou com um nó os cordões atrás do meu pescoço, me fez sentir prisioneiro, [...] Ao ouvir sons sibilantes, virei o olhar um pouco para o lado, a tempo de perceber as mãos trêmulas afiando a navalha numa tira de couro, e logo o movimento da lâmina reluzente em direcção à minha cabeça, no fito de aparar os pés do cabelo e desenhar a linha recta da nuca. Foram instantes terríveis, e tive pensamentos de rebeldia, mas estava preso à cadeira e minha única defesa foi cerrar os olhos. [...]
Celso Costa, A arte de driblar destinos, 2023, p. 129
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
Chiado: Ilha dos Galegos + Estátuas
terça-feira, 2 de janeiro de 2024
La Coca, OU Picasso por Rentes de Carvalho
- lido em menos de dois dias; a «segunda metade», hoje, no H. da Luz, e nos transportes, com vários «Saltos»; Roteiro evocativo Galaico-Minhoto, da Época do Contrabando à do Tráfico...
RECORTE(s):
Até ao dia em que o acaso quis que o mestre viesse a sair quando Madame e e eu íamos a entrar. [...] Um aceno e um olá do mestre, em seguida uma afirmação críptica da minha amiga: José c´est le jeune homme dont je vos ai parlé. Corei, confuso por não saber do que se tratava e Picasso rindo da minha confusão agarrou-me familiarmente pelo braço: