Recortes da Crónica de hoje - «A saudade espalhada», de M. E. C.:
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
«saudade pronta a vestir», por M. E. C.
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
«O teu jardim», Nuno Júdice
- do último, de Julho, livro de Júdice; enviado como 11.ª «proposta» da »secção» «Acesso Bloqueado»...; há que aguardar..
O TEU JARDIM
vou ao teu encontro. Pousas no chão de pedra
os sapatos cor-de-rosa; e o sol salta sobre
o muro do fundo, seguindo o exemplo
da trepadeira. E desejaria então que o tempo
parasse para permaneceres neste verso,
na eternidade da tua saia vermelha e das tuas mãos
que seguram um livro ainda fechado. Pouco
importa o que nele está escrito: o que importa
são as imagens que adivinho
no fundo dos teus olhos em que se reflecte
uma grande árvore — essa que talvez converse
contigo, quando o vento agita
as suas folhas. Talvez isto seja um quadro
em que tudo é fluido, esbatido pelo brilho do sol; tu,
porém, olhas-me através desses fragmentos
de vida que passam através de nós, sobrepostos
como a superfície de cubos que nasce
do empedrado do chão. E abres o livro,
sublinhando as palavras que te procuram.
domingo, 6 de dezembro de 2020
Assis Pacheco, 25 anos
[e ouvir A. B. Bap. «reconduz» D. à «Nova», aos «idos» de 86-89 [...]
sábado, 21 de novembro de 2020
«Quando», «acende e apaga»; Manuel Alegre
Nunca vi ninguém morrer sem medo.
Tínhamos medo nós a pressionar artérias
tinham medo os que viam o sangue a derramar-se
gritavam pela mãe mais do que por Deus.
Por Deus certa vez eu chamei muito
primeiro para dentro como quem reza
depois em desespero aos berros:
«Vem depressa vem depressa.»
Mas quando o helicóptero chegou já era tarde.
Meu caro poeta cardeal: Deus não me ouviu.
Chamei-lhe nomes blasfemei:
«O gajo é surdo.»
Não diga nada ao papa eu gosto dele
mas a verdade é esta
Deus não me ouviu.
anos depois o meu coração parou
os alarmes soaram no hospital
não sei se Deus ouviu a campainha
o que sei é que o médico não era surdo
deu-me dois choques e ainda estou aqui.
a quem oferecer o pirilampo
que está dentro de nós
faúlha de uma estrela desaparecida
acende e apaga acende e apaga
no princípio e no fim a morte e a vida
depende de quem chega ou não a tempo
um helicóptero o médico
acende a apaga
acende e apaga um só momento.
ninguém me viu ontem em Babilónia
quem sabe se amanhã verá
tempo só hoje
tempo sem antes nem depois
como acertar no poema a rotação da Terra
ou declinar o fluxo das marés?
SMS não é a minha escrita.
Será que Deus twita?
Faz como ele: clica e apaga
clica e apaga.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
«Os grandes animais», Inês Fonseca Santos
- assim marcha a «Escola do Paraíso CVD»...
OS GRANDES ANIMAIS
o poema à exaustão. Ao fundo,
uma palavra antiga: Ullmann murmurando o eterno
o espanto de haver aqui qualquer coisa próxima
de uma morada: portas, paredes, em cada gesto
literatura sobre tanta vergonha acumulada.
dos versos; são vivos fitando o embaraço
da sobrevivência. O aviso chegou-me de um amigo:
do território o ferro.
que não vos voltemos a fitar:
os pés assentes no carvão dos corpos,
os grandes animais por companhia.
que cospe quem o monta, mas a barata
que silenciosamente escapa
ao pé que a pisa.
domingo, 18 de outubro de 2020
«Éléments impurs», Barreto Guimarães
Éléments impurs
Lentamente
a cidade aceita a escuridão. É uma batalha perdida (a
da luz contra o negrume) desde
sempre foi assim
em todos os quartos da História em
todas as praças e ruas em casebres e
em palácios. Conversamos na cozinha (uma só
sombra no
chão) agora é contra mim próprio
já não é contra ninguém e
hoje não me
dói nada. Mantenho uma distância segura do
que chamam realidade (disperso vendedores de rosas
como quem dispensa ilusões)
falamos do que aí vem (dias que
não têm nome mas
vão desde já
numerados). E conto-te histórias antigas um
exemplo: quando pousava moedas nos carris do eléctrico e
esperava que o movimento esmagasse
as caravelas. Cada um de nós começou com uma
vitória sobre o nada
(como um pintor flamengo agora assino: João o Velho) os
dias crescem em Fevereiro
(a hora adianta em Março) preso
há um par de semanas o jovem casal da frente
prefere fazer amor numa
posição diferente. Devem estar a tentar
uma menina.
[Entrevista ao «JL». número 1311, de 30 de dezembro de 2020.]
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
«entendimento direto», Campilho, Matilde
- volume de MicroNarrativas, que é uma das novidades nos 8 que vieram para a Zmab...
«Em Londres, no Museu de História Natural, um mamute levanta um pouco a tromba à passagem de José. O menino fica estarrecido, um bocado excitado, e puxa o casaco de sua mãe para a avisar da vida que existe dentro do empalhamento. A mãe, ao ver José assim irrequieto, atrapalha a fila de turistas para se ajoelhar até à medida dos seus olhos. Pergunta-lhe o que tem e o menino, já que nem fala ainda, exemplifica por gestos o levantar da tromba. A mãe sorri, feliz por ver validado o dinheiro do bilhete, alegre por ver despertar-se no seu mais novo o poder da imaginação. E José sorri-lhe de volta, com muito amor, consciente de que o seu entendimento direto com todas as coisas vivas do mundo não durará para lá do dia em que descobrir a fala.»
Matilde Campilho, Flecha, 2020, p. 73
sábado, 18 de julho de 2020
Clarice, por Isabel Lucas
quarta-feira, 1 de julho de 2020
«Branco», Nuno Júdice
além do branco, a ilusão de que o mar
se prolonga nesse mar que o branco
devora, com os lábios do vento; nem
interrogues o rosto que se esconde
no horizonte do branco, onde só o
silêncio te dá a resposta que ignoras.
horizonte te devolve tem a luz do
rosto que só no branco entrevês,
quando o vento empurra as cortinas
do mar, talvez reconheças no seu
fundo o corpo que habita o céu
em que o branco coincide com o mar.
preso à cama da madrugada, o branco
do horizonte submerge o mar que
avança por dentro do branco, como se
a luz do dia que o vento te abre
não fosse branca, como esse branco
lençol que esconde o corpo sob o mar.
do céu, um rosto revela o branco
para além do horizonte que o branco descobre.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
Primeiras Letras ( a Escola antes das)
terça-feira, 23 de junho de 2020
segunda-feira, 22 de junho de 2020
«Autobiografia», José Luís Peixoto
sexta-feira, 5 de junho de 2020
Velho Paraíso, com Q. L.
terça-feira, 19 de maio de 2020
segunda-feira, 11 de maio de 2020
«Quem Espera Desespera» - António Araújo
RECORTE(S)
sábado, 2 de maio de 2020
«A humana voz»
quarta-feira, 22 de abril de 2020
segunda-feira, 20 de abril de 2020
Pessoa ABANDONADO
- foi preciso esperar que o SR. a SR.a que
fumavam junto a F. P. entrassem na »Havaneza»...
- LIVRE, F. P. já «Pensa sem Sentir»?

quinta-feira, 16 de abril de 2020
Rubem Fonseca + Sepúlveda + Eça
terça-feira, 14 de abril de 2020
«Alentejo não tem sombra» + Maltês + M. da Fonseca
porque sou um deserdado.
E chovia nessa noite
como se o céu fosse um mar
entornando-se na terra.
- Quem abre a porta a desoras
morando num descampado?
E continha o rafeiro que ladrava,
na ponta do meu cajado.
Mas veio abri-la o lavrador
com a espingarda na mão,
e pôs um olhar altivo
tão no fundo dos meus olhos
que as minhas primeiras falas
foram assim naturais:
―guarde a espingarda, senhor,
sou um homem sem trabalho.
[incompleto; nas página 26 e 27 da Antologia...; 3.ª ed., de 83, do n.º 2 da coleção "O aprendiz de feiticeiro», com uma pintura de Armando Alves* e outra de Jorge Pinheiro**]
![]() |
«Homenagem ao povo alentejano»** |
![]() |
«Campos de Évora»,* |
quinta-feira, 9 de abril de 2020
2 minutos po dia...
sexta-feira, 3 de abril de 2020
«Memórias de Adriano»
- excerto lido pelo (jovem) actor Nuno Nolasco, no 4.o EPIS. da série «Leituras em Tempo de Cólera», da RTP Play
quarta-feira, 1 de abril de 2020
terça-feira, 24 de março de 2020
(Audio)Leituras - Campos + MEC + V. F. [...]
segunda-feira, 23 de março de 2020
«Economias», Eça
![]() |
Eça, Santiagu - DAQUI |
domingo, 16 de fevereiro de 2020
«Como Tu», Ana Luísa Amaral
- no «Ler Mais Ler Melhor»: «não infantilizar a Criança»; «livro de poesia para os mais novos»