TAMBÉM SOU
ALENTEJANO
A José Manuel Mendes
Fernando
Pessoa não gostava de sobreiros.
Não
sei se saberia do milhafre e do arrepio
circular
do seu grito.
Mas
percebia com certeza do interdito
da
passagem
do
rio.
Talvez
soubesse do raiano
do
mágico logaritmo de outra margem
e de
um azul secreto dentro do azul.
Mas
ele era só Baixa só urbano.
Sentia
na cabeça e na palavra.
Eu
gosto dos caminhos para o sul
onde
passa o cigano e a rola brava.
E
também sou alentejano.
Manuel Alegre, Alentejo & Ninguém, Caminho,
1996, p. 23