terça-feira, 22 de outubro de 2024

«vermelho delicado»; Teresa Veiga

 - terminada a leitura dos sete contos do último livro de Teresa Veiga; [...]na semana passada, R. procurou os 2 ou 3 «em falta», na «Sá da Costa», em vão [...];

RECORTE da parte  final do 7.º  Conto (cujo título é o da recolha):

[...] E o seu marido, Laura? Lá por ser filósofo não tinha uma palavrinha doce, não descia à terra de vez em quando?
     Uma palavrinha doce... Dona Laura parece acordar de um sonho remoto, os seus olhos cerram-se com nostalgia. Um dia, quando se preparavam para sair à noite, ela tivera a fantasia de experimentar um batom contrariando a sua preferência pelo  natural e gostara de ver os dentes perfeitos a aparecer entre os dois arcos vermelhos.
     - E quando surgi diante dele sem saber muito bem qual seria a sua reacção perante o meu arrojo, vejo-o que torce o nariz e diz muito educadamente: faz como quiseres, mas para quê batom quando os teus lábios já são de um vermelho delicado? [...]

Teresa Veiga, Vermelho delicado, pp. 129 - 130 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

«Os Velhos», por M. E. C. («Adoçar a despedida»)

 - de «Adoçar a despedida» - título da Crónica de hoje:

[...] A vida ajuda a pintar a vida de preto. Morrem os pais, os amigos, os senhores da mercearia e os borrachinhos por quem se estava apaixonado. Face a esse desconsolo, basta um pequeno esforço para nos convencermos de que isto nunca esteve tão mau como está agora, os jovens nunca foram tão incompreensíveis, a moralidade nunca esteve tão soterrada e as artes nunca estiveram tão rasteiras como hoje estão.
Quem desdenha quer morrer.
Os velhos miserabilistas fazem como os namorados que arranjam discussão no fim das férias, para não custar tanto a separação. O objectivo é, um dia antes da morte, chegar à conclusão: "Não há quase nada nesta vida que me convença a ficar." [...][sublinhados acrescentados]

sexta-feira, 12 de julho de 2024

«na idade das sílabas», Mário Lúcio Sousa

  [terminado, após duas ou três interrupções...]; o Motivo da Infância no RECORTE escolhido:

                [...] «Em Bafatá, por exemplo, sua cidade umbilical, onde aprendeu a dizer mamé, a usar os joelhos e as palmas das mãos para empurrar para trás o mundo, a andejar aos trancos os barrancos, ele, Amílcar, viveu apenas até aos três anos. Nem teve tempo para fazer amigos, tão divinos para um menino. Mal começou a brincar, a mãe o chamou, banhou, vestiu e levou a Geba, outra cidade, para conhecer Juvenal, visto que o filho estava na idade das sílabas e convinha ajustar ao seu prematuro vocabulário a urgente pronúncia de Baba e as suas quarenta derivações, como é a palavra pai nas línguas das crianças da Guiné. Em Geba, ele, Amílcar, olhou para longe a partir da varanda, caçou lagartos em frente de casa, coleccionou sementes e folhas debaixo do colchão e na gaveta da escrivaninha do pai, brincou de riscar garatujas no massapé do solar, solicitou outros colegas para trebelhar, mas, infelizmente, tão pouco tempo teve para amizades, pobrezinho, pois meio começou a brincar e, antes do segundo golo por entre a porta abalizada, a mãe gritou-lhe Para o quintal, confiscou-lhe a bola de meia, banhou-o na tina a fumegar, trajou-o com roupa nova de ocasião e levou-o ao cais, de onde aproaram rumo á cidade da Praia de Santa Maria, a capital de Cabo Verde.»
 
                  Mário Lúcio Sousa,  A última lua de homem grande, 2022, p. 47
[OUTRO RECORTE]

quarta-feira, 26 de junho de 2024

«Noctilucente», de «Nocturama»; Luís Quintais

 - de recente livro de Quintais, com cerca de 94 poemas... 

NOCTILUCENTE

Nuvens brilham no escuro.
As mais raras, tão frequentes agora.
Fantasmas do hemisfério norte

deslocam-se para sul.
Estamos na sombra da terra.
Objectos atravessam a fronteira

invisível, que as latitudes não contêm.
São mais frequentes agora
que estamos na sombra da terra,

agora que estamos em Seattle,
em Uppsala, em Buryatia,
e medimos as concentrações

de metano,
e o apocalipse tem expressão
estatística.

Alguém anunciou
o fim do mundo
e foi apenas fim-de-semana,

um pandemónio de expectativa,
feroz espera. Mas estamos
na sombra da terra e as metáforas

são de vidro queimado.
Noctilucentes nuvens são vitrais.
A luz aflige-se na catedral.

                                  Luís Quintais, Nocturama, 2024, pp. 132-133

domingo, 23 de junho de 2024

«LIção de Geometria»; Ricardo Gil Soeiro

- livro com 48 poemas, todos intitulados «Lição (de)...» 

LIÇÃO DE GEOMETRIA

O sol arranha o que a brisa perdoa.
Versículos nocturnos quase sobrevivem.
Ei-los, ferrenhos astrolábios
despindo bizarros teoremas.
Aqui é o ninho do vértice
onde a véspera se despenha.
Mais além, numa aresta nua,
o compasso ergue sem malícia
um contrabando de possibilidades
contra a heresia dos sentidos. 
Tiramos as medidas ao inferno,
falhamos por pouco.
Talvez seja este 
o corolário do silêncio.
Laços líquidos:
forca em chamas onde se afogam
os mais belos engenhos forasteiros.  

                         Ricardo Gil Soeiro, Lições da miragem, 2024, p. 44

terça-feira, 18 de junho de 2024

2010-11: «Anti-Apaga-Apaga» II («Flagrantes»)

  - Exercício de «Recuperação» de muito do que, entre 2010 e 11, anos CONTENT.s, foi apagado desta(s) CASA(s), mas não do COMP.or, com nova «edição», mas mantendo a Listagem em 4 Secções:

- «Daniel Dixit»;

- «Flagrantes»;

- «Leituras»;

- «Outrora Agora»

 - Personário VIII, 25 – 01 – 2011 (Hoje. Pelas 10:15, na Tasca Contentorial)

 - A., do ano passado - (de 10.º, naturalmente).  Nesse «longínquo» ano,  leitora de, entre outros, Aparição, de Vergílio Ferreira (ex.ar da irmã mais velha, de quando era «Obrigatório?»)

 Aproxima-se de D. e...
 
a) Recebe e ANOTA um título (sugestão)  «prometido» no ano passado - boa Memória;
 
b) do que diz, D. destaca: «Que saudades das aulas ANM do ano passado (....)

 - EX – PARAÍSO VII – MINA LUA

(Entre as 10:10 e as 11:00. Sobretudo na Tasca Contentorial)
 
(Foi um reencontro, mediado por Eli, amiga de Mina, desde o 11.º)
[... Diz que tem 22 anos. Recém-formada em Pintura, veio ao Novo Paraíso, também para mostrar as suas Ilustrações para a edição búlgara de  A abelhinha,  de Anatole France.  

 ( Cerca das 08:50. 13 – 01 - 2011, num Qd.o)
 
D. perorava sobre Joana  Bértholo.
Da «esquina», M. N. «atalhou»: «Estou a ler um Diário dela».
D.: Não é um Diário, é um Romance».
Novo «atalhe»: «É uma escrita que parece...».
E novo corte: «... a de uma artista  plástica!?»
 
(Moral 1: O romance  é: Diálogos para o fim do mundo (Caminho, 2010)  
(Moral 2: Quem disse que já não há Leitores?)

 14:00. Avenida. Tivoli. Fila, com várias idades e «farpelas».

   Passa por D. um Invisual. Bengala, das antigas, articuladas, em riste. Em passo muito, muito ACELERADO. Só podia ser... Era. É. O Arménio (um dos 3 Invisuais da Turma A - 67 - 70). Aturdido, D. não o interceptou.

EX – PARAÍSO IV

 D. cruza-se com mais um EX-Qd.o do Velho Paraíso. Continua loiro e de olho azul, mas precocemente calvo; M. tem agora 29 anos. [...] vinha de Almada. D, a dado passo, disse-lhe que era então um «Tontinho Teimoso.» - típico TIQUE de «décimos crus». Aquiesceu, sorrindo, adulto. Diz que se lembra de D., mas não do Nome (MAU).

 - Fez Arquitectura e acrescenta «que está bem, que trabalha numa empresa de jogos de vídeo». E que «ganha mais do que a mãe, agora Professora de História, há 6 anos» (UI, UI).

EX – PARAÍSO III – 15-12-2010

(Rua Nova do Almada,  Templo do Consumo); ( Cena 2, na fila do pagamento)- Ex-funcionária da Secretaria, informa D. que ensina Filosofia... em S. Tomé. E diz que «tem que ser um dia de cada vez».

 ( na descida) - Reencontro com Adr., de há 3 anos. Determinada, foi sempre «em ascensão». Concretizou o sonho: Arquitectura, numa Pública. Meses volvidos, quer mudar para... ou para... ou para...Continua determinada. 

 (da Cena 1, na subida, omite-se tudo; não houve contacto. Não podia haver? Fica a imagem de «uma gaivota à deriva, de púcaro na mão»)

- 13-12-2010 – EX-PARAÍSO

(Desta vez, foi na Rua Net...) -...Que D. retomou o contacto com L. F., Qd.a por duas vezes, no Velho Paraíso, surgiu «transfigurada» na segunda: reservada, como antes, mas com  surpreendente abertura «às Letras»...  Naquela turma foi tudo para Fotografia (o Mestre foi B. S.). L. F. também, numa Privada, mas «corrigiu»  para... Educadora de Infância. Pelas Beiras anda, determinada.

- EX-PARAÍSO – 10 – 12 - 2010

(Pascoal de Melo; 10:45) - interceptar «Ex-».

C. ia pensativa. Enquanto a ouvia, D. buscava imagens. Tem agora 24 anos. Cilindrada por Bolonha, diz que «lhe falta o Mestrado», após uma licenciatura em «Design de Equipamento.»

Referiu o que se sabe: os colegas que não encontram como «aplicar» as formações artísticas que realizaram. No seu caso, o pai requisitou-a para a empresa, lá na cidade de origem. Menos mau.

 ALMADA NEGREIROS - EX-PARAÍSO IX – 11 – 02 - 2011

(Ao portão da Aldeia. Pelas 14:30. Interceptado a caminho da Fotocópia.)

 O motivo principal da conversa foi (Judite) Nome de guerra, de Almada Negreiros - proposta para trabalho...(1)

- Estão no Porto, a estudar «qualquer coisa» da Grande Dama-TEATRO. Vieram de Visita. São a S. e a R., - ex-, do décimo H, de 07-08 - uma «igual-diferente a tantas outras» - De S., D. relembra sobretudo as referências a leituras de Vergílio Ferreira, logo na 2.ª ou 3.ª semana - MARCA -; Agora, «tudo continua a correr bem», dizem. Conscientes do «mar de poucas rosas em que se meteram?». Sim, também assim parece a D.

 - EX-PARAÍSO, X - 18-02-2011

(pelas 15:00; Chiado, junto à «Vista Alegre»)

 - Nem cresceu nem engordou. É  F. F. V., filho de músico e de mãe jovem; «problemático», mas efectivamente vocacionado para as «Artes».

Tinha lido todo o Livro do Desassosego, talvez pelos 14 anos, e não se deixara «enlouquecer» pelo mesmo. Uma Figura (de altura baixa), até porque fazia um «Part-time» na livraria (e no bar) da Assírio & Alvin que existia no Cinema KING.; do décimo primeiro, em 2002-2003 e do décimo segundo, em 2003-2004.

Das vezes em que D. o reencontrou, ao sabor dos tempos: trabalho nocturno numa garagem... estudos (D. não se lembra onde...); ligação à «Zé-dos-Bois...; vida comum com S., de Palmela, dita «a Sobrinha» de D., que  «ADOÇOU» F. F. V.; exposição no estrangeiro (D. não se lembra onde..)...; 

Vinha: com enormes barbas, de Patriarca-Profeta; com amigo que levava bicicleta pela mão...

Interceptado, disse que: «ia para o ateliê ali perto»;  «fazia música, fotografia... ( o resto, que D. adivinhe..).»; «tudo bem entre ele e a S....»;

(09-02-2011)

(Hoje. Das 08:20 às 08:30. PRAÇA CENTRAL EXTERIOR DO ALDEAMENTO)

 MBV: Não quer ser nosso M.? [omite-se o resto]

D.: Se «os meus» me odeiam(...) [omite-se o resto]

MBP: Sabe que fiquei com os livros do meu avô [que ninguém queria] (...) que morreu antes de eu nascer (...) que foi um revolucionário (...) a minha mãe [omite-se o resto] [The best]

D.: Bom, agora vai... [o resto não se diz aqui]

MBV: Sabe, ando a ler Jorge Amado (...) Mar Morto [ «e o resto não se diz»]

- Doutores e... engenheiras - Flagrantes, XV – 02-03-2011

(Almoço já tardio. No STP., uma filial do «S. L. e AA» (Sport Lisboa e...). Nas Catacumbas, sempre, as «Elites AA, sempre avançadas, na idade, pelo menos)

(D., com o seu longínquo passado duvidoso de 15, 15, anos de Hot.a, mais os 20 anteriores, não perde «tais pratos»: (Treino Técnico da Observação, com décadas ...: 16 comensais. Um aniversariante. Chefe, mas Descapotável. UM SLB. Um Rapina? Um pequeno Figurão? Só duas das p. com menos de 45. Quadros dos SS. Conversa «mal - delambida». Todos eles Doutores. E já bebidos, não por elas. E Elas?)
(Os oficiantes são os Manos, D. e N. Ele e Ela. Psicologia e Filosofia. Pois, Queridos e Dignos, «trabalho é trabalho».
Como é que se pode servir tão barato?) 
(Saem, após o Murganheira e a Raquítica - e, acha D., tão próximo, SECA -  tarte de Amêndoa, que recebeu elogios de «Alta Pastelaria»)
(Sala já vazia. D. perturba N, sempre Frenética...); D.: Querida N. - (Não disse mas pensou, o Mesmo, segundo o PAI Velho) - De onde são Estes Doutores?
N.: Dos «SS».
D.: Ah, pois, aqui perto.
N.: (...)
D.: Vocês estão a «Subir de Divisão».
N.: É para que veja o nosso nível.
D.: Ou é da Crise?
N.: (...)
D.: E elas são o quê? Por que é que não são Doutoras?
N.: (...) [Didascália: Sinais de Impaciência]
D: Vá lá, por que é que não são Doutoras?

N.: (despacha, género, «Não tens mais nada para fazer?) - Porque são Engenheiras.

 D= «KO» (Adora estes pratinhos )

EX – PARAÍSO, XIII- 11 – 05 - 2011

HORA: 11:40

LOCAL: uma das 400

 De repente, lá estava A. S. dentro da sala = invasões - visitas.

Finalista do 12.º Contentorial do ano passado, está em Londres, a estudar Cinema. Superou (-se). Disse, entre outras coisas, «que não precisa, mas que também arranjou um trabalhinho - o trivial - lavar pratos num restaurante»;já se encontrou com a V. A., amiga de Mina - é a TEIA «EX-AA».Informou que o D. F., um dos «o Filho» está,  por decisão «toda sua»,  no... País de Gales.

 - A. S. foi Qd.a de R. por duas vezes (10º e 11º). Mas hoje não  apetece «fintar» o passado, excepto: certo dia, a meio do décimo, A. S. veio dizer-lhe  que a mãe (Médica) considerara, pelas descrições, que o M. era ESQZFN. [Ainda hoje R. sorri de tal DIAG.]

- 10 – 04 – 2011 - Isabela Figueiredo - Quase RETRATO

 - R. já não se recorda bem da última vez em que reencontrou I. A. S. Na B. N., seguramente. Talvez por 2001? 2? 3?. O falar e o rir eram os mesmos dos tempos da FAC, na U.N. Já então ambos mais velhos que o Curso. Mais 15 do lado de R ., mais 5, do lado de I.A.S.?

Vinha da «Outra Margem», com L.F.P. (também recentemente re-localizado - voz poética original que diz «não se querer promover»).

- andou pelo DN JOVEM, tornou-se uma prof. inevitavelmente diferente, regressou do «mais Sul» à sua Almada, crê R., antes D.

D. tem-na acompanhado virtualmente - no blogue, agora «Novo Mundo Perfeito» - e na obra, Caderno de Memórias Coloniais- a prosa é quase sempre representação do quotidiano - literariamente diarística, com um estilo «ÁCIDO SUAVE», formando núcleos e séries, mesmo quando parece «dispersar»-

 - 27 – 03 – 2011

ALFAMA AUSTRÍACA? - POIS, CAFÉ –

Flagrante, XIX (Repescado da quinta-feira)

 Para D., que detesta «encarneirar», F. S. fora precisa: «ao fundo das Escadinhas do Quebra-Costas» - (cedo chegou, para se deparar com um excelente Espaço: «Pois, Café»

a) Entrar. Observar - Desenhar - Diagnosticar: Patronato=Alemão, aliás, Austríaco

b) Consumir. Inevitável: apfelstrudel (dois)

c) Sair. Dar a volta, para ver a «zona de serviço» por fora.

d) Reentrar. Esperar pela disponibilidade da «robusta, vermelhusca Patroa?»

 Diálogo (entre dois «caixa d'óculos»):

D.: Onde é que foi buscar o Nome (...)?

P.: (a resposta que já se previa) Sabe, nos nossos primeiros tempos em Portugal, não entendíamos nada da Língua, mas «pois» era a palavra que mais vezes ouvíamos. Parecia servir para tudo. Logo, foi a primeira que fixámos. (inventou-se um pouco, a senhora já deve ter contado isto n+1 vezes...)

D: Tem a casa cheia de livros...
P.: (...) [D. já não se lembra da expressão-resposta-zero]
D.: Gosta de ler?
P.: Sim, mas como vê, deixei de ter tempo.
D.: POIS
P.: (...)
D.: Vou deixar-lhe o título do Romance português onde mais vezes se «brinca» com «pois» [escreve, com caneta e «post-it» da Casa]
P.: Como é que sabe?
D.: Porque o li. [despedidas, adeus]

- 25 – 03 – 2011

ALFAMA

- (nasce-se e vive-se em Lisboa; os anos passam; e foi preciso «acolitar» F. S. para se regressar a Alfama - por dentro do Casco); (assim, enquanto a maioria desenhava e a minoria do costume fazia as tristes figuras do costume, D. andava «em busca do tempo perdido»E, como há sempre um Flagrante, desta vez, terá sido assim:

 Ao fundo das Escadinhas de «...», estavam quatro jovens adultos, no «Biscate» dos Censos (uns Cobres, né?). Segundo testemunha credível (F. S:), «os olhos de um deles terão brilhado ao ver as Meninas e Meninos a desenhar». Segundo outras, também terá dito, à passagem do Tropel: «Destes, só dois ou três chegarão a Artistas».

O que terá ficado mais «abespinhado» foi F., O Fininho (que, de momento, caminha aos Tombos). Natural falta de poder de Encaixe (termo do Boxe).

D., que aproveitava para «estar na Lua», só apanhou a «ponta final», quando o tal Jovem Adulto se apresentou como «Licenciado no Meio pelas Caldas».

Pois. E anda nos Censos.

- 27 – 01 -2011

(Sophia, Corredores, Maias

 Quarta. A partir das 18:30. Abertura da Exposição-Mostra do Espólio de Sophia, entregue à B. N. 

04-12-2010

 - "Vou mandar já um «email» a Gabriel Garcia Marquez " - disse D. à serena e  musical B. R., no final de um teste todo realizado com o cotovelo apoiado em Cem anos de solidãoDiz que foi sugestão Materna.

Há dois meses que o transporta diariamente. Vai lendo como o tempo o permite e resistiu a todos os avisos de D. («é demais para a fase actual» e outras bem intencionadas ...). Já há manchas, dobras e outras cicatrizes. Huuummmmm.

22 – 03- 2011

RETRATO X

Há dois anos, alguns dos Meninos e Meninas diziam: «GTT. para a Esquerda, GTT. para a Direita» Porque consegue ser Familiar, sendo a CHEFE.

É a Governanta, sobretudo «pau para toda a obra». A Central de Informações, também. Como é «rodas-baixas», acelera muito, a REMAR com os braços. Parece sempre em estado de Galo. Ou melhor, Garnizé. Mais Impaciente, crê D., do que Nervosa. Trabalho, trabalho, dores, dores. Muitas deve ter superado. Também educou ferozmente um J.. A doçura, acha D., veio com As Netas.

Já lá estava há muito, quando D. chegou em 92-93. Foi o primeiro ano, uma Sorte, no VELHO PARAÍSO - (chamava-se, então Ano Probatório ou Pós-Estágio). D. voltou em 96, para ficar. No ano da N. (agora nas Caldas). Grande Sorte. Dizia: «alguém estava distraído».

D. ainda era Tímido. Muito. Passava por distante e formal (que jeito dava). Acha que via a D.ª GTT. como ÁSPERA. Mas a visão foi mudando.

Era o 11.º de S. Como é que um P. tão formal andava aos beijos a um «fruto tão fresco» era motivo de especulação no Bunker GTT. Descansou, quando soube que era a Verdadeira Sobrinha. Ainda hoje D. se ri (Nos rimos) desse Equívoco.

 14 – 12 – 2010

RETRATO V

(Contentores)

 Hoje, de manhã, A. deixava-se fotografar por Meninas. Muito «natural», muito habituada. Já é uma Senhora, mas há nela algo de Infantil. Até no rosto, do tipo «bebé-chorão» ou «boneca de porcelana», sempre a rir. Pertence ao Corpo de Assistentes Operacionais (Pomposa Nomenclatura). No Verão de há dois anos, na Época de Exames, lá em cima, no Velho Paraíso, teve que fugir de uma «mochila voadora». Tem crescido, sim, senhora. D., que também é uma Criança, acha que tem contribuído. Presunçoso, D. [ver, por volta de 2017...]

 - 01 – 12 – 2010

RETRATO II

(Outro pilar contentorial) -

Guardiã, também. Galega, por Origem, já leu «Trabalhos e paixões de Benito Prada», de F. A. P. - já então em saldo nesse estéril território de (in)culturas - não me lembro da conversa de então -.

- T. ALVZ. apresenta excelente disposição. Atroa e abraça. Em cenário acabrunhante, faz a diferença. Nada acanhada, usa com Nobreza os proeminentes atributos.... Que o digam as Meninas que sob «Elas» têm chorado. Ou rido, que ao mesmo vai dar.

 - 01-12-2010

RETRATO I

(Ao portão, as manhãs são dele) -

Às vezes D. pensa que veio com o «pacote» de Contentores. É o «senhor Eug.o.». Entroncado mas não Monolítico. D. viu logo - como, não perguntem - que não era um profissional do ramo. Teve que ser. A Vida, os rumos, os atalhos. Sentindo-o sólido, nos primeiros tempos de «integração», alguns Infantes acolhem-se sob a sua Asa. Depois, afastam-se. Porque será? 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

2010-11 - «Anti-Apaga-Apaga» I («Daniel Dixit»)

 - Exercício de «Recuperação» de muito do que, entre 2010 e 11, anos CONTENT.s, foi apagado desta(s) CASA(s), mas não do COMP.or, com nova «edição», mas mantendo a Listagem em 4 Secções:

- «Daniel Dixit»;

- «Flagrantes»;

- «Leituras»;

- «Outrora Agora»

Sábado, 4 de Dezembro de 2010

 Queques... ou Personário II

(Ontem à noite) -

General Z. diz para D.: Lembras-te de, quando estava grávida do J.,  teres aparecido, às duas da manhã, com «um grande amigo», que tinhas reencontrado nos transportes (???), quando, devido à Insónia, eu estava a fazer queques, que comemos pela madrugada fora? (...?)

Z. não o descreve mais. E D. não pára, desde então de «dar voltas». Em vão.

 MORAL:  bem dizia P. M.: «não se esqueçam que escrever Diário faz bem à saúde.»

 Publicada por Jocardo em 11:45

Etiquetas: Daniel dixit

Domingo, 12 de Dezembro de 2010

 Personário VII

 (manhã de domingo; chove)

 Em vez de ginásio (não há Verba), trabalho de «homem-a-dias», que vai dar ao mesmo. D. limpou bancadas, cadeiras, vidros, lavou chão.

 O chão é conquista própria, acrescente-se. Neste minúsculo espaço, General Z. a «ex- agrícola», agricultou a formação de J.;                 

Publicada por Jocardo em 15:08

Etiquetas: Daniel dixit

 ECOCARDOS II (21 – 12 – 2010) Hora do almoço)

 L. M., a «PSI»,  filou D. com uma clarividente análise. D. não a consegue reproduzir, até porque se alongou, mas segue-se a Súmula: «De tão sintético e anónimo, ao semeares tantas iniciais, tendes para o vazio, o desaparecimento. De tão enigmático, tornas-te incompreensível»  [D. ficou «varado».]

 (Sexta, 17 – 12 – 2010) ) RESCALDO

  conversas respigadas, na Tasca Contentor.:

  a) - A. R. anda a ler Cartas a Sandra, de Vergílio Ferreira; parece que se aguenta.

 b) - D. diz que «comprou Pensar, e que já dele leu 10 páginas»; (R., em frente,  soprou: «e  percebeste alguma coisa?»). Tadito de D.; levou «à Letra» a sugestão de D. Sobreviverá?

c) - V. pediu uma sugestão. E D., em vez da resposta habitual (Mia Couto, naturalmente), retorquiu: «Contos», de Vergílio Ferreira.

 ECOCARDOS I – 11-12-2010

 - 26 -11;  E. ( a mentora): «(...) vou colocá-lo em «Institucional» (... )

 - 28 - 11;   - Daniel, o Verdadeiro, o Filho: «Achego nada. Textos próprios e outras, como bem os caracterizas, ser-te-iam a mais expressiva forma de ser. Ficares-te pela levantamento da Língua Portuguesa e seus contingentes usos decertados faz sentido pouco, ou quase nenhum.»

 - 09 - 12; - J. S.: Apresento-vos Jocardo. Autor-mistério. Feito de fragmentos para os "Meninos", de solilóquios, em jeito de crónica. Também não faltam excertos de bons autores. Vamos segui-lo para não nos perdermos

 - 10 - 12; - N. M. : «(...) sóbrio, humorístico, bem à medida do próprio (...)

 - 11 - 12;  - A. M.: «(...) espaço público para círculos privados (...)

 Está Fresco]

 (AUTÓGRAFO de A. L. A.) – 08 – 12 – 2010

 (há que anos...) ( ... e calhou hoje.

 Lá foi D. à «sessão de autógrafos» (de «Sôbolos rios...) Demorada, afável.

À  frente dele, um senhor J. F. que era pai de outro J. F.  - DISC. de há cerca de 15 anos e Ilustrador já bem destacado -. Falavam, em trocadilho, da «Ordem natural das  coisas» [...]

 António Lobo Antunes foi muito agradável, sobretudo «com» a primeira edição de Memória de elefante (Vega, que disse não ter, à editora ao seu lado, e de que gabou o excelente estado  de conservação); também perguntou a D. «quantos livros este tinha»...; nesses  idos de 79-80, D. leu-o  devagar, muito devagar...

 PERSONÁRIO I

29-11-2010

(Manhã fria e chuvosa no Contentor)
Mais um «A noite e o riso», de Nuno Bragança - saldam-se os restos da edição anterior? - Inventado prémio de «determinação» para M.
 Que será feito da outra Menina (H. de C. 94, 95, 96?) que terá mudado de área (de rumo?) por causa da leitura DESTE LIVRO?

 28-01-2011

 (Gulbenkian, Auditório 2. Das 14:30 às 16:15)

 Só foi possível assistir a 4 Comunicações. As de Fernando J. B.Martinho, Gustavo Rubim, Anna Klobucka e Antonio Tabucchi.

 Deste último: «Só a Palavra permite sair do Labirinto. De qualquer Labirinto»

(Antes: - D. «meteu-se» com o senhor António, suponho. Foi da Rua da Misericórdia (Outrora «do Mundo») para o «Comes» da GULB.. Diz «que já lá está há 28 anos»;  de sorriso subitamente aberto, comentou «que fora uma grande Escola». Perguntou a D. «se tinha sido cliente». Que não, «que era Menino de S. Paulo». Não deu para mais. Talvez em próxima 

 - 18-03 - 2011  - «Moby Dick»

 [...] João Tordo comenta que [o primeiro parágrafo de Moby Dick] « surge uma vez a cada 100 anos de literatura.»

D. não se lembra de haver livros nas Casas da Infância - Pai com  a «antiga 4.ª classe», feita em meio rural, Mãe que «não sabia ler nem escrever» -

 D. também já não se lembra (há que perguntar à C.) quando foi feita a mudança da «casa do Quintal» (2.º ou 3.º andar ?, n.º 13 ?) nas encostas da Bica - Calçada Salvador Correia de Sá - parte de casa, alugada ao velho locatário, um beirão, sr. Albano - talvez antes dos seis, talvez...

 D, poucas imagens retem da segunda casa, agora alugada para a família, talvez também 2.º ou 3.º andar, no n.º 13, da Calçada da Bica Grande, com belíssima vista para o Tejo - duma «varanda-gávea» -

 - para a de São Paulo, n.º 232, 3.º andar, juntinha ao Ascensor - D. lembra-se que ocorreu pelos nove anos, ... do primeiro dia, lembra-se da cama no quarto, enorme, com varanda e, talvez por isso, não tivesse quarto só para si, nas casas anteriores,  talvez-

 D. lembra-se que, das gavetas das mesas de cabeceira dum quarto interior, surgiram três livros, três: Mário, de Silva Gaio; Os meus amores, de Trindade Coelho, e Coração, de Edmundo de Amicis - edições, capas, cheiros diferentes entre eles -

 Moby Dick aparecerá como prenda (do tio, por afinidade, A.?)  num Natal próximo, acompanhado pela Ilha do Tesouro, de Stevenson, e Branca de Neve e os 7 anões - em edições ilustrradas, da Verbo, para Jovens - esses com cheiro de papel novo

 Foram os primeiros - todos eles serão relidos vezes e vezes sem conta -

 D. reconhece bem aquele parágrafo de Moby Dick (...);

 14-03-2011 – Teolinda Gersão

da obra desta excelente - e superiormente discreta - escritora, D. acha que «tem quase tudo»)

(de tempo a tempo, D. egressa a páginas da primeira ficção publicada: O silêncio, 1.ª ed: 1981 - «revelação-calma» para  fases de muita leitura, entre cursos interrompidos, «trabalhos manuais», (in)decisões... que o seu caminho faziam

  - PERSONÁRIO XVI -Balancete, I – 14 -03 - 2011

 (o Balancete é, por natureza, parcial e provisório)

 A) o que ficou para «trás» [CONTENT.es...]

 a.1)     janelas com grades

a.2.)   «tectos baixos e de neblina» (a partir de verso de Cesário Verde)

a.3.)   «império» do plástico - material «contaminante», como se sabe, muito «mal-cheiroso», quando se começava à tarde...

a.4.)   um D. que, por vezes, já não sabia como controlar o Outro D.

a.5.)   a província, no seu melhor: a «quintarola» do lado...

a.6)    aves pouco canoras

B) o que surge «pela frente»:

 b.1.)   Átrio GTT. - o espaço social de «eleição» de D. - ainda reduzido

b.2.)   corredores, corredores, corredores, para deambular

b.3.)   ressonâncias iguais-diferentes

b.4.)   cheiro a novo, mas que será de «curta aspiração»

b.5.)   materiais leves - MAS: pisos de MADEIRA - ALELUIA - na ALA NOBRE

 PERSONÁRIO XV - NOVO PARAÍSO14 – 03 - 2011 

«Outro de Mim já aqui esteve»

 (A verdade é: quem não iria predisposto para o contentamento?)

 (durante um tempo indeterminado, que «publicado» não pode ser...

 ....D. pôs a correr duas estruturas em «camadas»):

 A) a do anfiteatro Artificial - Natural:

a.1)  - vários níveis de Estaleiros, por «dentro» e pelo «verso» vistos;

a.2) - as ovelhinhas curraleiras e o aldeamento - com a visão «liliputiana»: como pôde tanto Pobre de Cristo ali caber?;

a.3) -mais longe, após o «Jardim das Tabuletas» (expressão do PAI VELHO, aí «morador»), o rio,

tal como em Os Maias: «uma estreita tira de água e monte que se avista(va)» (p. 12, da edição de 2006 da Livros do Brasil)

B) a Arqueológica:

 em vários níveis da Memória - só para uso Íntimo -  sintetizada, perante alguma perplexidade do público, na frase («Pessoana, como todas»): 

«Outro de Mim já aqui esteve»

 - MAPA do PÓS-MEIO DIA – 03 – 04 - 2011

 (meio do dia; Ana Eus desceu de A. a visitar o Palácio, por onde andou há mais de uma década - saudades de Lisboa, tantas)

 (almçoco com R., o cicerone, na GJ - na rua  - a Menina estava em «bloqueio pedestre» - cansada, sobretudo de tão a sério levar a «mais desprezada profissão do Mundo», pensa R.)

 (é altura de retomar aquilo que referiu; o (a) Anjo PM velará nos Baixos e nas Alturas)

 26 – 04 – 2011

MAPA DO DIA - Personário, XIX + EX - PARAÍSO, XIII

 10:00 - olhos sobre uma das últimas «Oficinas» - «brincadeira» de 7.º ano para «desanuviar» 10,º

- drama: um vestígio de crença (na Palavra) «aflora» no que a V. escreve, a partir das palavras de Mia, na história da «criança não mecânica» - é dela, a frase, muito sugestiva, no parágrafo-desfecho-epílogo: «tornou-se um mecânico da não palavra»

 [sem o saber, provavelmente, tem razão na Imagem da Escrita como Mecânica = harmonia de  múltiplas rodas, peças, engrenagens - ver em Álvaro de Campos, por exemplo, ou no «Chaplinesco»  «Tempos Modernos», onde, precisamente, não há palavras, só a «engrenagem descontrolada»]

 - vinda de meios «tão deprimidos», culturalmente, entenda-se, que pode um simples M. fazer?

 14:50 - Moscavide. Aldeia. Consulta com o doutor X. G.

-15:45 - Centro V. G. - permanente Feriado - R. intercepta «X» - cliente de 11.º, em D. de C. , de há 2 anos - «rodas-baixas» + perfil da Maioria - R. perguntou-lhe «por que é que desaparecera» - andava a «melhorar ou a fazer disciplina pendurada», tanto faz - disse que há «dois meses trabalhava ali, num Restaurante», mas que «já apanhara algo no estômago, devido à comida que davam ao pessoal». R., que andou 15 anos por essa «Vida Real», não se espantou, naturalmente: S., rodrigues sampaio, por 75,76,77, a ementa mais frequente era: SOPA; «ossos no forno». Mas, vinho, «à descrição»]

 «SILÊNCIO A LER» – 04 – 05 2011 - (Terceira edição da iniciativa)

 R., Menino que vive de Ler, desde menino, trouxe 3 obras, de que «leu»  1/2 página de cada:

 - Franz Kafka, Carta ao pai, tradução de João Barrento;

 - Nuno Júdice, O complexo de Sagitário, última «prosa» do autor, iniciado na  Z., entretanto interrompido, e que exige «extensiva e intensiva  disponibilidade»;

 - Mário de Carvalho, O homem do turbante verde - e outras histórias Contos, saído em Março - a referir em próxima «inserção»

Do lado dos Qd.s, só duas escolhas a relevar:

 - Gonzalo Torrente Ballester, Crónica do rei pasmado - novela histórico-satírica, trazido pela A. M. do Bloco «Y»

- Pablo Neruda, Confesso que vivi - trazido pela M. A., do bloco «Z» - só J. L.  sabia o título do «famoso filme» - «premiado» com uma apresentação oral - 

 - Nota «artística»:

a dona E. - a «Eco- AO», a do Retrato VIII - tinha aberto em cima da Mesa-Fronteira- do Piso 400 a Obra aberta, de Umberto Eco.

Brilhante.

ECO-Cardos, VII   -  08 – 05 – 2011

(repescado de quinta; corredor 400)

 (sempre em acelerado regresso à Infância -  R. andou a «fazer macacadas» pelo corredor - «vai despedido não tarda»;

tudo isso porque a «clique desenhista» do lado tinha cumprido: os Meninos traziam carrinhos, as Meninas, bonecos, as;

- (já em intervalo, M. - novo-paRAÍSO PROMETEDOR - REPETIU-LHE:- «o p. É UMA personagem» ; (não devia ser, com tanto A. por lá) (mas que é  bonito, é, o elogio, claro; então vindo de quem rezinga enquanto R., por dentro, sorri)

 Manuel da Fonseca - «A Harpa» + PERSONÁRIO, XXII  - 23 – 05- 2011

 (Foram várias as Feiras do L. , em que R. se aproximou de M. da F., pedindo-lhe autógrafos para a, então jovem, General Z. Liam-nos em conjunto. De Santiago a Odemira, nem um pulo, se calhar.) ; (R. pensa que dele possui quase tudo. Mas estarão há muito na Casa de S. A. da C.?...)

 08 – 05 – 2011 – Lisboa, I

 (aos domingos de manhã, no País de Cardoso Pires,  concilia os «mais recentes lisboetas» com os mais antigos; a eslava que grita ao telefone na vetusta cabina; a velha que não apanha  a Poia canídea; as chinesas das lojas que também já não vendem; os que dançam com as vogais, em colorido e sabor; professores solitários que tentam disfarçar o «verdete» pelas esplanadas)

 11:30 - após a «doméstica» na A. R., lá foi R. «dar andamento» ao olhar - o  Jardim Constantino foi reabilitado, numa tentativa de o «devolver às Crianças e ao Povo» - tem um quiosque e uma esplanada, que até funcionam

 - mas a visão de tanto lixo e o intenso cheiro álacre - do MJ, naturalmente, e ainda só se vai em Maio - impedem qualquer permanência mais demorada

 - Manuel  Gusmão, Poema ao sábado, IV + Personário, XXI – 30 – 04 - 2011

 (é o quarto poema da secção, no  suplemento P2, do Público;  desta vez, um inédito de Manuel Gusmão)

 (durante o Feliz biénio-triénio de 2002 a 2005, R. pôde observar M. G. - figura física muito fragilizada -, sobretudo enquanto almoçava na FAC, II; nunca lhe «chegou à fala»; passou a admirá-lo ainda mais pelo que dele dizia P. M., sua amiga; grande professor, ensaísta e poeta - superlativo em tudo;)

 (em 2006-2007, no VELHO PARAÍSO, R. teve o privilégio de ser M. de uma filha de M. G., S. G., num 12.º, de «R. P. E.», onde pontificava um leque alargado de «despachadas e desassombradas Meninas» - C. I. e A. M. subscrevem.

 Transcrição:

 Paisagem com mar


Vinda de um fundo espesso e incompreensível

a lua pulsa como um coração negro pintado

A cada pulsação avança no écran da noite

até chegar a sobrevoar a esplendente superfície do mar

que assim finalmente entra em palco

 

Um milhão de fogos cintilantes e frios iluminam 

essa cena – uma massiva queda de estrelas

que a mesma lua projecta

sobre a memória das grandes ondas oceânica

 

Há depois um daqueles instantes

em que uma veloz cadeia de coincidências antecipa

para ti a leve e inconsequente saudação da morte:

A lua transforma as vagas nuvens que por baixo dela navegam

nos cumes nevados de grandes montanhas pálidas –

pedra branca e cinza – Uma neve

que irradiasse uma neblina azulada

 

Como se a lua, ecoando a terra

nos céus imitasse uma paisagem terrestre

 

                                    Manuel Gusmão [...]

in Público, P2, 30-04-2011, p. 9

 

MAPA DO DIA + EX - PARAÍSO, XV, XVI – 27 – 05 - 2011

 - São 13: 15 - os Meninos e as Meninas estão com Mestres F. S. e E. G. Ocupados e em «excelentes  mãos CERÂMIDAS». UFFF!

 - 10: 15 - À esquina, encontro com Menina de Ourivesaria, de há três anos; vizinha do bairro, frequenta Filosofia, na Clássica. Sobrinha-neta de Arist. P., líder histórico cabo-verdiano.

 - 11: 15 - Átrio GTT.

- Dona GTT fala enlevadamente com um lindo «EX-PARAÍSO» - de fatinho e gravata, embora com marcas de muito uso; R. passou e perguntou. O Menino respondeu que «já saíra há cinco anos».

 R: «Ó Dona GTT., a falar com um Menino tão lindinho...»

 Dona G.: [Didascália. «DERRETIDA»]. Foi nosso [...]

 R.: Já indaguei. Que faz a agora?

 Dona G.: Acho que é técnico - comercial de uma empresa de Fotocopiadoras.

terça-feira, 28 de maio de 2024

«As mãos dos poetas», Tatiana Faia

  - «mãos sujas, mãos limpas...», hoje, ainda na Série «Revolução já!, Poesia Pública» , Três Estrofes de um poema com nove, de Tatiana Faia:

[...]

tudo isto às vezes
confundia-se muito e a grande velocidade
por exemplo
o destino das mãos e da cabeça de cícero
um dos últimos senadores republicanos
impecavelmente limpas, cabeça e mãos,
porque ambivalentemente sujas
de versos retóricos, meias paixões
e manobras de conspiradores
ambas terminaram cortadas e expostas na rostra
do fórum romano
por frases ditas e palavras escritas
contra generais com mãos pelo menos
tão sujas como as dele

mas seria uma desculpa fácil dizer
que as palavras por que vivemos
não nos podem erguer acima
da sordidez do tempo
breve de uma vida humana

isto porque as mãos dos césares
que se seguiram não se confundem
por exemplo com as mãos de cesare
pavese o poeta cujas mãos repousavam
sobre o cachimbo perpetuamente aceso
nas manhãs de turim e assinavam poemas
e também as cartas que em 1935
o puseram na prisão por serem
de um teor antifascista
e terem sido trocadas entre ele
e subversivos famosos
uns quantos rapazes de vinte
e poucos anos como ele
[...]

domingo, 12 de maio de 2024

Salomé, aliás Bosch

 - leitura interrompida, na Zmab, em Julho de 23, ora retomada, alcançando-se e a p. 100

RECORTE:

     Por outro lado, existe Salomé. Salomé é tão rápida e eficiente que lhe chamam Bosch como se fosse uma máquina de lavar alemã. A verdade é que é robusta, fala pouco, age com eficiência, não reclama e em termos de delicadeza não desmerece em relação às outras cuidadoras. Percebe de aparelhos e algo mais. Esta manhã, achou que se eu não ligo a televisão, então o trambolho não tem nada que ficar a ocupar a mesa dificultando o acesso à janela e interferindo com o gravador. Melhor seria  guardá-la. Salomé perguntou - «O que lhe parece, Dona Alberti?» [...] Salomé decidiu, pegou no aparelho ao colo e enfiou-o no armário da roupa. Fechou a porta, satisfeita, como se tivesse eliminado uma peça de entulho do seu caminho. Quando pude dizer que sim, que seria melhor desembaraçar-me daquele óculo que me falava do destino do mundo como se fosse um aterro sanitário, já ela tinha decidido por mim. Obrigada, Bosch, aprecio pessoas assim. As fraquinhas podem chamar-se Indesit.

Lídia Jorge, Misericórdia, 2022, pp. 98-99

segunda-feira, 29 de abril de 2024

«Labirinto Primordial» (O Bosque)

 - rapidamente aceite a (recente) referência, do «Horas Extraord.as»,  a esta 1:ª Obra; na p. 205 (de 261), a 30;

RECORTE(s):

    Enquanto jantavam, esperou que a professora tivesse comido o pão e não morresse naquela noite. Se ela não morrer, eu paro de copiar os trabalhos de casa do Piero quando voltarmos para Turim. Paro de dar pontapés aos pombos, ainda que nunca lhes consiga acertar. Paro de assoar o nariz às mangas.
     Mais tarde, na cama, saboreou os lençóis de algodão passados a ferro e fez saltar as molas do colchão, esfregou as bochechas contra as almofadas de penas e sentiu a lã do cobertor. [...]
     Martino estava em segurança e seco, [...] Pensou nela lá em cima, no bosque, sozinha, a  aguentar a humidade e a escuridão; e, enquanto adormecia, o bosque voltou  a ser o  dos contos de fadas, o lugar do perigo e da proibição, o lugar antigo e carnívoro onde vive o lobo, onde as crianças se perdem e são abandonadas, encontram o ogre e a bruxa. O labirinto primordial. 

Maddalena Vaglio Tanet, Voltar do bosque, 2024, p. 94

sexta-feira, 26 de abril de 2024

(Impossível) Anonimato («Os Memoráveis»)

 RECORTE(S):

[...] Um do nós disse em plena reunião. Companheiros, por mim, não se referirá mais a minha pessoa, quando se falar do assalto ao aeroporto. [...] O protagonista que em mim houve, morreu. A partir de agora, quem assaltou o Aeroporto de Lisboa, na noite de vinte e cinco, quem manteve o céu encerrado à aviação durante toda a operação? Foram todos, isto é, cinco mil. Quem assaltou a Rádio Televisão? Cinco mil. Quem dominou o Quartel-General, uma vez que não foste tu, nem ele, nem eu? Foram eles, os cinco mil.[...]

LídiaJorge, Os memoráveis (2014), 2024, p. 98 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

A madrugada (depois de Sophia)

A madrugada (depois de Sophia)

Veio sem mundo por vir.
Veio sem caução depois da noite velha.
Veio antes ou depois do pensamento, a parte animal
que lhe servia. Por dentro das casas
e nas ruas. Para não matar, os militares bebiam
o último litro de sangue das flores. Para não
matar, para inventar
a madrugada, quer dizer a violência de uma nudez.
Veio a espera dos corpos, quer dizer
a alegria. Veio a manhã solta
como malha na saia de uma rapariga.

                                                      Andreia Faria (em «Revolução já! Poesia Pública»)