segunda-feira, 29 de abril de 2024

«Labirinto Primordial» (O Bosque)

 - rapidamente aceite a (recente) referência, do «Horas Extraord.as»,  a esta 1:ª Obra; na p. 205 (de 261), a 30;

RECORTE(s):

    Enquanto jantavam, esperou que a professora tivesse comido o pão e não morresse naquela noite. Se ela não morrer, eu paro de copiar os trabalhos de casa do Piero quando voltarmos para Turim. Paro de dar pontapés aos pombos, ainda que nunca lhes consiga acertar. Paro de assoar o nariz às mangas.
     Mais tarde, na cama, saboreou os lençóis de algodão passados a ferro e fez saltar as molas do colchão, esfregou as bochechas contra as almofadas de penas e sentiu a lã do cobertor. [...]
     Martino estava em segurança e seco, [...] Pensou nela lá em cima, no bosque, sozinha, a  aguentar a humidade e a escuridão; e, enquanto adormecia, o bosque voltou  a ser o  dos contos de fadas, o lugar do perigo e da proibição, o lugar antigo e carnívoro onde vive o lobo, onde as crianças se perdem e são abandonadas, encontram o ogre e a bruxa. O labirinto primordial. 

Maddalena Vaglio Tanet, Voltar do bosque, 2024, p. 94