- lido em menos de dois dias; a «segunda metade», hoje, no H. da Luz, e nos transportes, com vários «Saltos»; Roteiro evocativo Galaico-Minhoto, da Época do Contrabando à do Tráfico...
RECORTE(s):
Essas discrepâncias do meu viver devia-as em parte a Madame, que nessa altura já regressara a Paris e vivia então num maravilhoso apartamento do número 7 da Rue des Grands Augustins. Picasso, {,,,9, un très cher ami, era o vizinho de cima e eu, com a admiração que o artista me merecia. quando me cruzava com ele [...0 fazia-lhe respeitosamente a vénia.
Até ao dia em que o acaso quis que o mestre viesse a sair quando Madame e e eu íamos a entrar. [...] Um aceno e um olá do mestre, em seguida uma afirmação críptica da minha amiga: José c´est le jeune homme dont je vos ai parlé. Corei, confuso por não saber do que se tratava e Picasso rindo da minha confusão agarrou-me familiarmente pelo braço:
Até ao dia em que o acaso quis que o mestre viesse a sair quando Madame e e eu íamos a entrar. [...] Um aceno e um olá do mestre, em seguida uma afirmação críptica da minha amiga: José c´est le jeune homme dont je vos ai parlé. Corei, confuso por não saber do que se tratava e Picasso rindo da minha confusão agarrou-me familiarmente pelo braço:
- Tudo acaba por se arranjar, meu rapaz, o principal é saber usar la coca.
Por um instante petrifiquei, julgando que o génio da pintura tivesse perdido o juízo e me recomendasse ali sem rebuço o vício da cocaína. Mas no momento seguinte já ele apontava para a minha cabeça:
- La coca, hombre, la cabeza, la tête! Só se precisa dessa. O resto... - e com um floreado Au revoir! saiu para a rua.
J. Rentes de Carvalho, La coca (2011), 2023, pp. 195, 196