- recortes da entrevista de Mário Cláudio a João Céu e Silva, no D de N, no dia 13, a propósito do seu novo Romance Naufrágios de Camões
- na íntegra, AQUI (por enquanto...)
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[...]
Camões era um marginal e perde o ímpeto no final. Não há
dúvida sobre isso. É um grande intelectual, um sábio e um poeta de génio, mas
transgrediu muitas normas de direito penal da época, assassinou um homem em
Lisboa e por isso foi condenado ao degredo.
Do género má rês...
Exatamente, má rês, sobretudo no aspeto da insubmissão e,
claramente, revoltado contra o establishment. E havia o lado do amoroso que não
coincide com o platónico dos seus sonetos, que obedecem à estética da época, em
que as mulheres eram postas num plano de intocabilidade e de de pureza.
Respeito que não praticava?
Sim, era um homem de instintos muito fortes e com uma
pujança sexual muito grande, daí frequentar os bordéis de Lisboa e o relatar.
Estamos perante uma figura muito controversa, que tem muito menos de herói da
pátria do que de herói da literatura e que é um valdevinos, como era
reconhecido então.
[...]
Com amores transgressionais e clandestinos, até inter-rácicos e com
escravas, o que já na altura era malvisto. E escreveu sobre isso, o que mostra
uma certa coragem. Provavelmente era um hipersexual, o que se manifesta na
escrita muito escaldante quando se trata de questões de amor [...]
[...] A maneira como foi tratado em morte denota que não era
uma flor que se cheirasse e por isso foi despachado para a vala comum.
[...]