- de «As convidadas», de Silvina Ocampo, recortes de «A Escadaria»:
«[...] Vinte e cinco degraus. Quando ensinava as filhas a andar, contando-os um a um, [...] Agora, sozinha, volta a contá-los, após tantos anos, por mero hábito.
Um.. Este degrau tem a brancura do açucar. [...]
[...] Quatro... Este degrau, suave, mas amarelado, assusta-a. Foi aí que encontrou o colar de pedras verdes e o guardou no bolso. [...]
Cinco... O degrau do cansaço. Nunca, nunca está limpo. Um dia, por brincadeira, alguém defecou nas suas bordas. [...]
Cinco... O degrau do cansaço. Nunca, nunca está limpo. Um dia, por brincadeira, alguém defecou nas suas bordas. [...]
[...] Dez... O degrau mais tranquilo, mais feliz. Ali brincou com a trouxa de roupa como se fosse uma boneca. [...]
[...] Dezassete... Algumas baratas aventuram.se pelo rodapé. [...] Dá uma certa pena. Há gente nojenta: deixam lixo na escadaria, caia onde cair: [...]
[...]Vinte e três... Neste degrau cai a escuridão mais perfeita. [...]
Silvina Ocampo, As convidadas, Antígona, 2022, pp. 45-49