... no 24 de Abril... para «variar»...:
VINTE E QUATRO DE ABRIL DE 1974
Perto do jornal o restaurante
onde falamos baixo e olhamos em volta,
porque eles estão lá, parados, a ouvir-nos,
feitos de sombra e de sarro, de sarro e de sombra.
Nós falamos da guerra, dos presos, dos desertores,
da classe operária, da reforma ou revolução.
E duvidamos de tudo menos do clarão vermelho
que nos aponta ao futuro.
Falamos a medo, mas falamos,
lemos a imprensa clandestina e passamos
o papel de mortalha onde estão escritas
as palavras proibidas.
onde falamos baixo e olhamos em volta,
porque eles estão lá, parados, a ouvir-nos,
feitos de sombra e de sarro, de sarro e de sombra.
Nós falamos da guerra, dos presos, dos desertores,
da classe operária, da reforma ou revolução.
E duvidamos de tudo menos do clarão vermelho
que nos aponta ao futuro.
Falamos a medo, mas falamos,
lemos a imprensa clandestina e passamos
o papel de mortalha onde estão escritas
as palavras proibidas.
Luís Filipe Castro Mendes, Voltar,
2021, p, 48