A humana voz
Então, a passear o Saco? Quem não tem cão com saco caça.
Últimos dias dos quarenta e cinco iniciais. Repete a curta deambulação matinal. Saudoso
de ouvir: Então, já de férias outra vez?
À mesma hora, o mesmo inventário da Penha, as mesmas
Velhadas. Jornal, e, ou, revista para a General, café, compras mínimas
garantidas e ala que se faz suspeito.
Ironias do Destino. Há décadas e décadas profissional do
distanciamento activo, experimenta agora o passivo. O de um Grande Irmão? Uma
proteína com Capa, afinal. Mundo às avessas.
Solta-se o bicho quando repete que está a adorar a via
virtual, quer na rua, quer nas curtíssimas sessões síncronas.
Alguém apaga a Luz. Só aí acordam, querem saber porquê. Esquiva-se, como sempre.
Quarenta minutos semanais. Cronometrados com magistral
requinte. Não há os execrandos desperdícios de tempo do quadrado «ao vivo».
Os que se escondiam atrás da pequenina máquina têm agora vida
facilitada. Basta desligar a microcâmara.
Seja às 11 ou às 15, apresentam-se espapaçados. Poupados à ansiedade
da prova universal, nem disfarçam o contentamento, a indiferença arrogante. Bem
tenta, duas ou três vezes, expandir leituras, solicitar-lhes a voz. Em vão.
Gostei muito de os ver. Cuidem-se. Saúde. Até para a semana.
Até à data, intrusão, só a de uma ave canora que guinchava.
Eliminados os efeitos do desgaste presencial, já se prepara para mais um
ano. Ainda por cima, imprevisível. E há uma nova semente lançada. Para
Dezembro.
AVC em palco? Adiado.
Fausto